Todos os dias da nossa vida em comum fiz por te demonstrar o
meu amor, umas vezes saí-me bem, outras nem tanto, mas eu continuo igual desde
o primeiro dia. Possivelmente “defeito de fabrico”. Como não tenho jeito para “estas
coisas” uma vez mais socorri-me de um grande amigo da minha família, Fernando
Namora e transcrevi-te este poema, um dos que a minha avó, sua professora, a
minha mãe e a minha tia, colegas de escola, mais gostavam. E eu não poderia
fugir à regra.
Se te pedirem, amor, se te pedirem
que contes a velha
história
da nau que partiu
e se perdeu,
não contes, amor, não
contes
que o mar és tu
e a nau sou eu.
E se pedirem, amor, e
se pedirem
que contes a velha
fábula
do lobo que matou o
cordeiro
e lhe roeu as
entranhas,
não contes, amor, não
contes
que o lobo é a minha
carne
e o cordeiro a minha
estrela
que sempre tu
conheceste
e te guiou — mal ou
bem.
Depois, sabes, estou
enjoado
desta farsa.
Histórias, fábulas,
amores
tudo me corre os
ouvidos
a fugir.
Sou o guerreiro sem
forças
para erguer a sua
espada,
sou o piloto do barco
que a tempestade
afundou.
Não contes, amor, não
contes
que eu tenho a alma sem
luz.
...Quero-me só, a
sofrer e arrastar
a minha cruz.
Sem comentários:
Enviar um comentário