sexta-feira, 25 de novembro de 2016

49º ANIVERSÁRIO CASAMENTO.


Todos os dias da nossa vida em comum fiz por te demonstrar o meu amor, umas vezes saí-me bem, outras nem tanto, mas eu continuo igual desde o primeiro dia. Possivelmente “defeito de fabrico”. Como não tenho jeito para “estas coisas” uma vez mais socorri-me de um grande amigo da minha família, Fernando Namora e transcrevi-te este poema, um dos que a minha avó, sua professora, a minha mãe e a minha tia, colegas de escola, mais gostavam. E eu não poderia fugir à regra.
Se te pedirem, amor, se te pedirem
 que contes a velha história
 da nau que partiu
 e se perdeu, 
 não contes, amor, não contes
 que o mar és tu
 e a nau sou eu.

 E se pedirem, amor, e se pedirem
 que contes a velha fábula
 do lobo que matou o cordeiro
 e lhe roeu as entranhas,
 não contes, amor, não contes
 que o lobo é a minha carne
 e o cordeiro a minha estrela
 que sempre tu conheceste
 e te guiou — mal ou bem.

 Depois, sabes, estou enjoado
 desta farsa.
 Histórias, fábulas, amores
 tudo me corre os ouvidos
 a fugir.
 Sou o guerreiro sem forças
 para erguer a sua espada,
 sou o piloto do barco
 que a tempestade afundou.
 Não contes, amor, não contes
 que eu tenho a alma sem luz.
 ...Quero-me só, a sofrer e arrastar
 a minha cruz.
 

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