Recordando o discurso de inauguração do I.S.N. de Peniche,
dou os meus parabéns a toda a equipa desta Estação Salva-Vidas relembrando
todos os que durante estes 74 anos por ali passaram e tudo deram para
salvaguardar a vida dos Homens do mar.
Discurso proferido pêlo 1º tenente António de Andrade e
Silva na Inauguração ao Salva-vidas de Peniche de Baixo
Ex.º Senhor Almirante
Ex.º Senhor Inspector
Minhas Senhoras
Meus Senhores
Ao iniciar as minhas breves palavras, permitam-me V.
Exªs. que apresente os meus cumprimentos a S. Ex.ª o Sns. Almirante Sousa e Faro,
prestigioso Presidente do Instituo de Socorros a Náufragos, cujo nome honra
hoje o novo barco salva-vidas de Peniche, englobando também nas minhas
saudações o Exmº Inspector-Secretário da Comissão Executiva Central, Exmº. Snr.
Comandante Eduardo Maria Soares. Quizeram S. Exªs abrilhantar com a sua presença esta
pequena Festa, com a qual se inaugura oficialmente a Estação de Socorros a Naufragos
de Peniche, importante melhoramento que se fica devendo ao grande impulso que
tão humanitariamente têm dado à benéfica Obra de Assistência desenvolvida em favor dos
heróicos e obscuros trabalhadores do Mar! Estou convencido que em todos os corações do bom Povo
desta Terra se encontra gravada a maior gratidão por quem soube lembrar-se dos
momentos dolorosos que os nossos bravos pescadores sofrem na conquista do
escasso pão de cada dia, incutindo-lhes Fé, e Esperança, num eficaz auxilio
concedido na hora do perigo! Agora, quando a Tempestade surpreenda no mar estes
gigantescos lutadores, o moderno Salva-vidas partirá com qualquer tempo na sua
altruísta missão de socorro levando consigo a Esperança dos Filhos, das Esposas e das Mães,
amarguradas pela incerteza! Lá longe, sobre o mar revolto, os náufragos manterão
intacta a sua Fé, pois sabem que o auxilio lhes não faltará, se Deus, com a sua
infinita Misericórdia, lhes não tiver traçado outro destino…... E, para que não falte a ultima Virtude Teologal, também a
Caridade contribuiu para que tudo isto fosse possível, o sonho de, em poucos meses,
ver erguidas estas magníficas instalações, e a consoladora ajuda que a Câmara Municipal
concedeu dando ensejo ao agradável momento que vivemos, coadjuvada pela boa
vontade das gentis senhoras de Peniche, sempre prontas a dar o melhor do seu
esforço para tudo que tenha por objectivo o apoio moral e material das classes
necessitadas. Também esta Festa, a que se associaram todos os
habitantes de Peniche na mesma unção de agradecimento a quem deles se lembrou com
melhoramento de tal vulto, teve o condão de servir de pretexto para que um pescador de cada
traineira se instruísse na forma de prestar os primeiros socorros aos
náufragos. Hoje, podeis estar descansados que, se o grito alanceante
de “homem ao Mar” for largado a bordo de qualquer dos nossos barcos, haverá
sempre, pelo menos, um camarada que tentará arrancar à Morte o seu semelhante,
provocando-lhe a respiração artificial que o restituirá à vida! Senhor Almirante! Na minha qualidade de Presidente da
Casa dos Pescadores de Peniche, que reúne perto de dois mil marítimos aos quais
já chegaram os primeiros benefícios que o Estado Novo criou e deseja para todos os bons
Portugueses, eu levanto o meu copo para beber pelas prosperidades pessoais de V.Exª e do
Instituto de Socorros a Náufragos, terminando por dizer:
Senhor! Muito tendes feito por nós! Muito e muito
obrigado!
Disse.
Peniche, 29 de Setembro de 1940
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